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Com emprego no centro de Cuiaba, Aquilino conhece a historia


Aquino da Silva, o engraxate caiu na graça do povo
Aquilino pediu licença e ganhou “fama”

Quem vê Aquilino Alves da Silva engraxando sapatos na Praça da República não imagina os vários episódios de emoção que marcam sua vida. O engraxate de 59 anos e solteiro, que mora no bairro Despraiado com uma prima, foi sempre uma figura conhecida da região central de Cuiabá.

Mas ele ganhou notoriedade mesmo após aparecer no programa eleitoral do prefeito e candidato à reeleição Wilson Santos (PSDB). Seu bordão “Ah, dá licença”, caiu nas graças do eleitor. A pele de poucas rugas esconde uma história de vida marcada por desafios e superação.

Natural de Cuiabá, Aquilino foi abandonado pela mãe aos nove meses. Criado pelos avós que, segundo ele, tinham muita rigidez quanto aos padrões de educação, resolveu fugir de casa. No dia da fuga, após correr alguns minutos, chegou ao centro da cidade, onde encontrou um caminhão cheio de “peões” que iam trabalhar.

“Para entrar no caminhão, falei que tinha vindo do Nordeste e precisava de oportunidade”, lembra Aquilino, que à época tinha apenas dez anos. Neste período, começou a trabalhar de servente de pedreiro devido ao pedido dos avós, mas não recebia renda alguma.

Embora o episódio tenha acontecido há décadas, a memória de Aquilino ainda consegue lembrar com detalhes as cenas da época. “Quem me aceitou foi um rapaz chamado Silvestre. Eu passei a morar com ele na Gleba Gaúcha, hoje Porto dos Gaúchos. Ele era gato, assim que a gente chamava quem levava as pessoas para trabalharem fora da capital”, diz, sem esconder a empolgação.

Chegando à única cidade que havia na região Norte, o desafio de trabalhar para se sustentar não lhe causou estranheza. Ajudava na limpeza de vasilhas e levava comida aos trabalhadores. Foi então que ficou doente e em sua vida passou a se desenhar um novo caminho. “Peguei uma malária, fui parar no hospital e aí chegou um padre e entregou uma quantia de dinheiro para o Silvestre. Ele deixou eu ir embora”, revela Aquilino.

TRAJAETÓRIA – Passada a fase da malária, Aquilino partiu para o interior trabalhando junto com o padre na civilização de índios. Ele conta que ensinava os indígenas a comerem de “forma adequada” e noções de higiene.

O que parecia ser um caminho tranqüilo e, por conseqüência, encerrada a fase de desafios, na vida de Aquilino surgem fatos inesperados que contribuíram para uma nova guinada. “Tive uma desavença com o piloto do motor de popa, aí o padre me mandou de volta para a Gleba Gaúcha para ficar numa delegacia. Tinha 11 anos quando entraram em contato com a polícia de Cuiabá. Eu tinha parente na polícia. Isso facilitou para eu voltar pra Capital”.

No retorno à Capital, ingressou em uma escola para se dedicar aos estudos. No entanto, um novo problema de relacionamento cruzou o caminho de Aquilino. Desta vez, um desentendimento levou a uma briga na escola, impedindo-o de concluir os estudos. “Depois que briguei na escola, fui para a fazenda Caianã, próximo a Chapada. Fiquei um ano por lá, quando uma nova briga me levou a pegar um caminhão e voltar para a Capital” conta.

Rafael Costa – Diário de Cuiabá