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Desemprego – Por Alfredo da Mota Menezes

 

 Alfredo da Mata Menezes é  historiador e analista político em Cuiabá.

 

Diante do quadro de retração das vagas de emprego do Brasil, o que não é diferente em Cuiabá e Mato Grosso, decidimos por compartilhar com você o artigo do professor Alfredo da Mota Menezes, publicado no Jornal A Gazeta, edição de domingo, 27 de março de 2016, e também em alguns sites.

Convidamos você a ler o artigo na sua íntegra, e tentar entender o porque está no momento está muito mais difícil conquistar uma colocação do mercado de trabalho.

 

“O empresário não investe porque não tem compradores e não confia no governo. O banqueiro quer recuperar o seu.”

O desemprego no Brasil está em 8.2%, mostrou o IBGE. Em 2015 era de 6.8%. Pode chegar a 10% no terceiro semestre deste ano. No ano que vem continuaria subindo podendo alcançar 12% no segundo trimestre. Um em cada cinco desempregados no mundo estaria no Brasil.

Agora se tem perto de 10 milhões de desempregados, 20% entre os jovens. Só no mês de fevereiro, o Brasil perdeu mais de 100 mil empregos, a maior taxa em 25 anos.

Em Mato Grosso o desemprego não é tão contundente como no resto do Brasil. Emprego ainda foi positivo na última análise do Caged, com 3.6 mil mais que desempregos.

No ano passado só em Cuiabá foram solicitados 15 mil pedidos de seguro desemprego. Antes, depois que gastavam o seguro o desempregado, até conseguiam outro emprego, agora não há mais essa possiblidade.

Setores de serviço, comércio, indústria, todos perderam empregos. Até a construção civil. No agronegócio, carro chefe da economia do estado, a tendência é ter desemprego mais que emprego.

O serviço público, aqui e fora, foi um dos poucos que apresentou um pequeno superávit em empregos.

Mas serviço público é um caso a parte. Aqui no estado funcionários de órgão que recebe duodécimo terão 30% de aumento nos salários. Muito acima da inflação.

Recomposição salarial em plena crise nacional.

Voltando ao Brasil real. O desemprego pode trazer problemas psicológicos e sociais. Uma pessoa desempregada por algum tempo pode perder a autoestima, ter depressão, achar a vida uma porcaria.

Cresce também a violência doméstica e desestruturação na criação dos filhos. Muitos brasileiros sem empregos vão enviesar por caminhos tortuosos.

A violência nas cidades deve aumentar de agora para o ano que vem.

Falar que a causa disso é a crise na economia é chover no molhado. O Brasil está em recessão por três anos, a maior de nossa história. A outra, em 1930-31, depois de quebra dos EUA, trouxe Vargas ao poder em 1930.

No Brasil a economia vive numa tempestade perfeita. O trabalhador perde emprego e, claro, não gasta. O que tem emprego não quer gastar além do mínimo necessário porque não sabe se mantém o emprego.

O empresário não investe porque não tem compradores e não confia no governo. O banqueiro quer recuperar o que emprestou e como o risco aumentou, ele sobe os juros para se garantir. Juros altos diminuem mais ainda as compras.

A queda na arrecadação fez o governo cortar só neste ano 44 bilhões de reais do orçamento, menos dinheiro na economia. Deve-se ter algo como 70 bilhões de reais de déficit este ano.

É um momento complicado da vida nacional e o lado mais doído são o aumento do desemprego e suas consequências na vida das pessoas e famílias.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.
E-mail: pox@terra.com.br
Site: www.alfredomenezes.com